Em 2018, ao ser reeleito senador enfrentando a onda da “nova política”, alimentada pela Lava Jato e pelo bolsonarismo, Renan Calheiros foi chamado de “sobrevivente”. Foi um dos poucos políticos da sua geração que conseguiu passar vitorioso pelas urnas.


Durante o mandato, se reinventou. Foi para a oposição ao governo de Jair Bolsonaro, transformou a CPI da Covid-19 num “tribunal” que condenou o ex-presidente e teve papel decisivo na eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em Alagoas, fez “barba, cabelo e bigode”. O resultado foi melhor do que o imaginado. O MDB, presidido por ele no Estado, fez 14 dos 27 deputados estaduais, 2 federais, um senador e um governador.

A vitória de Paulo Dantas é contabilizada além dos números. A relação de lealdade entre os dois é apontada por amigos do senador como grata surpresa. “O Paulo é muito melhor do que a gente esperava. É amigo e leal”, aponta um prefeito do MDB, muito próximo do senador.

Depois do primeiro e segundo turno das eleições em Alagoas, onde teve papel estratégico, especialmente atuando nos “bastidores”, Renan passou a se dedicar a montar uma base de apoio para o presidente Lula no Congresso Nacional, principalmente no Senado. Muitas de suas articulações avançaram e o senador teve, na avaliação de um dos mais importantes analistas políticos do Estado, que além de jornalista é consultor político, atuação decisiva na reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco – e por tabela na derrota do “bolsonarismo” naquela Casa.

“O Renan foi goleiro, defesa, meio campo, atacante e técnico. Foi mais uma vez o ‘craque’ que decidiu a partida”, aponta.

O senador Renan Filho (MDB) no Ministério dos Transportes e o deputado federal Isnaldo Bulhões na liderança do MDB na Câmara dos Deputados são outras ‘presenças’ que reforçam a liderança de Renan na política nacional.

Mas ele se afirma mesmo é pela capacidade de formulação, pela visão de falar – quase sempre – a coisa certa e de apontar caminhos.

Essas características transformam o senador – na avaliação de muitos analistas – num dos maiores líderes político de Alagoas em Brasília da atualidade.

No momento, claro, ele divide a liderança com outro alagoano que também tem política na veia. Arthur Lira (PP-AL), ao ser reeleito presidente da Câmara dos Deputados se firma como um dos mais influentes líderes políticos nacionais.

O deputado reassume a presidência da Casa com mais votos do que teve na sua primeira eleição, mas terá menos poder do que no governo de Jair Bolsonaro. Nada que comprometa seu desempenho por lá. Arthur Lira se transformou num dos maiores líderes nacionais da história de Alagoas, mas terá se manter na “crista da onda” por mais tempo para tentar superar seu quase ‘arqui-inimigo’ Renan.