O bullying e a violência escolar são problemas sérios que voltaram a estampar os noticiários nas últimas semanas. O deputado federal Daniel Barbosa, que é membro titular da Comissão de Educação da Câmara, escreveu um novo artigo sobre o assunto, onde afirma que vai aprofundar o debate sobre essas chagas, buscando soluções urgentes e eficazes para o problema, que vem ceifando vidas de jovens e crianças.


Confira o texto na íntegra:


BULLYING: ESTOPIM DE TRAGÉDIAS


Em 20 de abril de 1999 dois jovens fortemente armados invadiram uma escola na pequena cidade de Columbine, nos Estados Unidos, e mataram doze crianças e um professor, ferindo outras vinte e uma pessoas. Na manhã de 7 de abril de 2011 as aulas aconteciam normalmente na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um rapaz interrompeu a aula de português da 8ª série e matou doze crianças a tiros, sendo dez meninas. Ponto comum entre os dois episódios trágicos foi o bullying.

 

No dia 27 de março deste ano, um garoto de treze anos esfaqueou cinco pessoas, matando a professora Elisabete Tenreiro, na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Poucos dias depois, em 5 de abril, um jovem de vinte e cinco anos invadiu uma creche em Blumenau, Santa Catarina, para matar covardemente quatro crianças a golpes de machadinha. A mais velha tinha sete anos de idade.

 

Esses fatos bárbaros mostram que a violência escolar alcança alunos e professores em ambientes de formação intelectual, aprendizagem e desenvolvimento moral e ético, onde deveriam prevalecer a paz, o respeito e o amor ao próximo. Mostram, também, que a escola passou a ser um lugar perigoso e os mecanismos de proteção de estudantes e professores são insuficientes.

 

O preconceito não é apenas fonte inesgotável de erros. É estopim de tragédias e rastilho de violência escolar, num mundo complexo em que se propagam discursos de ódio, desprezo e intolerância com as minorias. É o pavio do vandalismo, das agressões físicas e da destruição de bens públicos e privados.

 

É importante ter em mente que o bullying está na origem da maioria dos casos de violência escolar e não se confunde com brigas comuns, vias de fato ou discussão. Trata-se de algo muito mais grave, que se caracteriza por sucessivos atos de humilhação, ataques físicos, insultos, ameaças ou apelidos pejorativos, com severas consequências à pessoa, tais como depressão, distúrbios de comportamento, perda de motivação, queda do rendimento escolar e até suicídio.

 

O planeta se debate com uma verdadeira doença social, que causa maior sofrimento aos adolescentes, não se restringe ao ambiente escolar físico e não deve ser subestimada numa época de homeschooling, que é a educação escolar em casa, ensino remoto e aprendizagem virtual.


O problema da violência escolar atinge pais, educadores, governos e toda a sociedade. De acordo com a UNICEF, um em cada três jovens em trinta países pesquisados já foi vítima de bullying online e um em cada cinco alunos deixou a escola em decorrência de cyberbullying e violência. O Instituto de Pesquisa Ipsos adverte que o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de cyberbullying contra crianças e adolescentes e isso ocorre pela falta de compaixão, tolerância e respeito.

 

Em Alagoas, pesquisa do IBGE revelou que cerca de 13% dos homens e 10% das mulheres já praticaram algum tipo de bullying, que registra mais ocorrências no ensino privado. A prefeitura de Arapiraca desenvolve trabalhos de conscientização dos alunos sobre o assunto, por meio do Núcleo de Valorização e Qualidade de Vida da Comunidade e projetos pedagógicos interligados. Além disso, vai ampliar o centro de atendimento especial contratando mais psicólogos para atender alunos e professores.

 

Para enfrentar e acabar com a violência nas escolas é indispensável ensinar a coexistência pacífica e respeitosa, bem como reportar qualquer violência às autoridades e apoiar iniciativas que promovam a unidade e respeito mútuo em casa, nas comunidades e nas escolas. É indispensável adotar mecanismos de proteção e prevenção da violência nas escolas. É indispensável que o combate à violência seja inclemente e as punições sejam exemplares.

 

A data de 7 de abril é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas e foi instituído pela Lei nº 13.277/2016. Neste ano de 2023, a efeméride acontece exatamente numa data santificada. Isso nos convida a refletir sobre a causa dessas maldades em série contra pessoas inocentes e indefesas. E também como adotar medidas que sirvam para barrar essa selvageria de uma vez por todas.

 

Não podemos desanimar. O caminho do bem é a humanização da sociedade, porque delírio, ódio e desprezo nada produzem de bom. Devemos lembrar que a tribulação produz perseverança; a perseverança um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança (Romanos 5-3-5).

 

Na Câmara dos Deputados, sou titular da Comissão de Educação e vou aprofundar o debate sobre o combate ao bullying e à violência nas escolas, buscando soluções urgentes e eficazes para o problema que só tem piorado e vem ceifando vidas de jovens e crianças. Também estou totalmente à disposição do governo federal, do governo estadual e dos municípios de Alagoas para o enfrentamento dessa chaga. É hora de unir os nossos melhores esforços para combater o mal e promover o bem.