Ex-presidente brasileira assumiu em março a chefia do banco de desenvolvimento que reúne países emergentes, após indicação de Lula
A nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como “Banco dos Brics”, Dilma Rousseff, afirmou que o banco de financiamento tem planos de expandir o número de países membros nos próximos anos, mantendo seu foco original em economias emergentes, além de também ampliar a participação dos empréstimos feitos nas moedas locais de seus participantes.
A ex-presidente brasileira, que foi indicada por Luiz Inácio Lula da Silva e assumiu a presidência do NBD em março, discursou na terça-feira (30) na cerimônia de abertura do encontro anual do banco.
“Nosso objetivo ao expandir o número de países é buscar uma diversidade ainda maior, tanto em termos de geografia quanto de estágio de desenvolvimento”, afirmou Dilma.
“A expansão no número de membros do banco irá fortalecer a nossa base de capital, ajudando a viabilizar novos investimentos. Além disso, deve aprimorar o papel do banco como uma plataforma para estimular a colaboração entre países em desenvolvimento e economias emergentes.”
O NBD foi fundado em 2014 reunindo, naquele ano, os países que formam a sigla “Brics”: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (“South Africa”, em inglês). O objetivo é disponibilizar capital e empréstimos para fomentar projetos de infraestrutura, desenvolvimento social e sustentabilidade nos países membros.
Em 2021, em meio à intenção da instituição de ampliar seu alcance, a diretoria do NBD aprovou a entrada dos três primeiros participantes de fora da sigla original: Bangladesh, Emirados Árabes e Egito.
O Uruguai também já teve sua participação aprovada e deve ser o próximo a ser formalizado na lista de associados.
“O objetivo estratégico do NBD é se tornar o banco de desenvolvimento líder para mercados emergentes e países em desenvolvimento”, disse Dilma.
Moedas locais e menos flutuação cambial
Outro objetivo do NBD para os próximos anos é ampliar os financiamentos feitos com moedas próprias dos países parceiros.
De acordo com Dilma, essas operações já vêm sendo realizadas em anos recentes, usando principalmente o yuan, a moeda chinesa, e representam 22% da carteira de crédito atual do banco. A intenção, informou a presidente, é ampliar essa participação para 30% até 2026.
“Também buscaremos financiar uma parcela maior dos nossos projetos em moedas locais, com o objetivo duplo de fortalecer o mercado doméstico dos países membros e, também, de proteger o tomador do crédito do risco das flutuações de câmbio”, disse.
“Como suas moedas não são totalmente conversíveis dentro da atual arquitetura financeira, as economias do sul global frequentemente sofrem os impactos negativos dessas flutuações repentinas. Além disso, muitos projetos de infraestrutura cruciais para o desenvolvimento sustentável geram suas receitas em moeda local, e queremos oferecer alternativas mais compatíveis para seu financiamento.”