A prisão do advogado João Neto, ocorrida na última segunda-feira (14), por agredir brutalmente uma jovem de 25 anos, reacendeu debates sobre violência policial e misoginia — combustível que ele mesmo forneceu ao longo dos anos com falas polêmicas e atitudes violentas. Durante uma entrevista anterior a um podcast, que voltou a circular nas redes sociais após a detenção, João admitiu ter cometido crimes quando atuava como policial militar na Bahia.
De forma chocante, ele revelou que utilizava um “kit flagrante” para incriminar pessoas, sem qualquer pudor ou arrependimento. “Na minha época mesmo [de policial], eu andava com kit flagrante. Eu tinha kit flagrante: droga, balança e dinheiro miúdo. Já era”, afirmou no programa. Ele ainda tentou justificar a prática com um discurso relativista: “Quantos e quantos policiais invadem sua casa e plantam drogas? […] Gente, não vamos ser falsos moralistas, nem demagogos, nem hipócritas. A realidade existe”.
A declaração, que sozinha já configura confissão de crime, ganhou nova gravidade diante da acusação mais recente: João foi flagrado por câmeras de segurança agredindo uma mulher dentro de seu apartamento, em Maceió. Nas imagens, a vítima aparece sangrando e sendo brutalmente esganada contra a parede.
Com mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais, João Neto ficou conhecido por seus discursos controversos — e, muitas vezes, misóginos. Em um vídeo anterior, ele chegou a justificar agressões a mulheres com frases como: “Se ela dá um tapa em sua cara, ela está querendo tomar outro. Bateu, levou”.
A Polícia Militar de Alagoas foi acionada por vizinhos que ouviram os gritos e pedidos de socorro. Quando chegaram ao local, João já havia fugido. A vítima foi levada ao hospital, enquanto ele circulava nas redondezas em uma motocicleta, segundo testemunhas. Acabou detido e encaminhado à Central de Flagrantes.
João Neto agora enfrenta acusações de violência doméstica e lesão corporal com base na Lei Maria da Penha. E, com a repercussão das suas próprias palavras, poderá ser investigado também pelas declarações relacionadas ao uso do “kit flagrante” — uma prática criminosa que ele próprio admitiu ter adotado no passado.
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